quarta-feira, 19 de maio de 2010

Falta-te um bocadinho assim...

Hoje, em Beja, fui a um concerto de uma banda portuguesa, chamada Sean Riley & the Slowriders. Banda com músicos multifacetados, definiria a sua sonoridade como algo entre Bob Dylan e rock alternativo. Não fosse a por vezes fraca dicção do vocalista, e facilmente os colocaria no meu top de bandas favoritas. Os bilhetes custavam 3.5 Euros. Estariam na audiência cerca de 50 pessoas. 
À mesma hora, tocavam no Pavilhão Atlântico os Mettalica, com uma legião de fãs,  num concerto para dezenas de milhar de pessoas cujos bilhetes, com preços a oscilar entre os 35 e os 50 euros, esgotaram 4 meses antes do próprio espectáculo.

Longe de mim querem comparar uma banda com o "track record" dos Metallica a estes rapazes de Coimbra. Quando os Metallica começaram a tocar juntos muitos dos membros desta banda provavelmente nem tinham nascido. Acho que posso, no entanto, comparar esta banda a alguns grupos internacionais que atraem legiões de fãs, e que também têm apenas muitas vezes 1 ou 2 álbuns lançados. Falo de, por exemplo, de The Kooks, Cansei De Ser Sexy, The Fratelis (recentemente separados), Noah and the Whale, ou mesmo os próprios Arctic Monkeys, Beach House, MGMT ou Vampire Weekend. Todos estes meninos enchem recintos com milhares de pessoas, mesmo não tendo mais do que 6 ou 7 anos de actividade como banda e no máximo 3 álbuns editados. E não me venham falar da originalidade da sonoridade, porque embora reonhecendo que isso possa ser verdade no caso de Beach House ou VW, tenho grandes dúvidas quando falamos de Fratelis, Artic Monkeys ou The Kooks.

Muitas vezes o que distingue uma banda de outra é obviamente um puro exercício de marketing, mas muitas vezes não é apenas um marketing que nos é impingido, mas algo que naturalmente fazemos. Da mesma forma que não gostamos de jantar num restaurante vazio. Muitas vezes o dono do restaurante não precisa de um menu apelativo, ou de ter pratos mais deliciosos ou em conta que os restantes, basta ter apenas aquela ponta de sorte, e aproveitar o fenómeno de massas. 

O meu ponto é o seguinte: a distância entre uma banda de topo e uma banda de garagem a nível de fãs, remuneração e reconhecimento é abissal, mesmo quando em muitos dos casos a real diferença a nível de sonoridade e qualidade das letras é totalmente negligenciável.  
É muito lixado ter o azar de ser segundo.

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