quarta-feira, 19 de maio de 2010

Greenberg

Fui ver o novo filme do Noah Baumbach, com o Ben Stiller, que aparece num registo muito diferente ao que nos habituou. Ben é Roger Greenberg, um homem neurótico, abrupto, que esteve internado numa instituição psiquiátrica e que vai tomar conta da casa do irmão em LA quando este se ausenta com a família para o Vietnam. Com 40 anos, carpinteiro, mas sem um rumo certo, pretende dedicar-se a não fazer nada, e tem como principal hobby escrever cartas de reclamação. 
Este filme fala de oportunidades perdidas ("Youth is wasted on the young"), da dificuldade em preencher os vazios, com que de uma forma ou de outra todos nos podemos identificar. Da maturidade que é preciso ter para finalmente encarar o nosso fado ("It's huge to embrace a life you never planned").
Foca-se também nos conflitos geracionais, e da forma como a confiança, alicerçada na arrogância se tornou condição sine qua non para subsistirmos no mundo actual. Fala da falta de respeito que as novas gerações têm em relação aos mais velhos e sábios, e da forma arrogante e petulante com que os encaram ("- I'm scared of you kids"). Do previlegiarmos a forma em vez do conteúdo. Do essencial que se tornou sermos bem sucedidos aos olhos dos outros ("It's brave to try do nothing at our age"). Do vivermos numa permanente vontade de regressar ao passado, sem nunca apreciarmos o presente, e de termos de criar novos exemplos para os nossos filhos, talvez numa tentativa de aliviar a pressão e as nossas responsabilidades (" Adults that dress like children, children that dress like super heroes").
Um filme a rever daqui a uns anos.

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