Não é de hoje que a Telefónica quer comprar a parte da PT na Vivo. Aliás, como este artigo do Economist faz referência, a empresa espanhola esteve na falange de apoio à Sonaecom quando esta lançou aquela OPA sobre a PT no início de 2006. Saudosos tempos em que OPA era a sigla financeira mais discutida em Portugal, em oposição ao actual PEC.
Se ninguém discute que a proposta é bastante generosa (cerca de 140% acima do preço actual), mais de 80% da avaliação média dos analistas para esta posição e substancial para a PT (cerca de 80% do capitalização bolsista da empresa), também ninguém duvida que a aceitar esta proposta, o modelo de crescimento da empresa ficaria seriamente ameaçado.
A grande questão que se coloca é que alternativas de crescimento teria a PT, por forma a utilizar este capital para diversificar o seu risco do estagnado mercado nacional. Poucas diria. A aposta actual em países como a Hungria, e mesmo nos países africanos (Quénia, Namíbia, Angola, etc), quer por uma questão de escala, quer de riscos associados, não oferece garantias de sucesso.
A Vivo, por sua vez com cerca de 30% de um mercado de 180 milhões de utilizadores, oferece claramente escala, representando quase 50% das actuais receitas da PT.
A Telefónica vê o controlo desta empresa como uma forma de fortalecer a sua posição na America Latina onde Carlos Slim tem vindo a ganhar terreno nos últimos tempos.
Para a PT é crucial manter a posição na Vivo, enquanto não se vislumbrarem alternativas de sucesso. É no entanto também crucial que os seus executivos criem essas mesmas alternativas, não caíndo no lugar comum de dizerem que o mercado das telecomunicações atingiu uma fase de total maturidade a nível mundial. Até porque existem muitos mercados em que isto não é verdade. E se a própria PT tem tido capacidade de se reinventar em Portugal, tem também de o fazer além fronteiras. Porque tudo tem o seu preço.
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