quinta-feira, 8 de abril de 2010

Benchmark Holanda (1) - Sistema de Saúde

Vou aproveitar o facto de me encontrar a viver na Holanda, para descrever e opinar sobre vários aspectos da vida neste país. Utilizo o termo benchmark porque pretendo, sem complexos, a comparação com a situação portuguesa, sempre com a ressalva de que a realidade e principalmente mentalidade são bem diferentes nestes 2 países.

Começo pelo sistema de saúde, até porque recentemente vi-me forçado a recorrer ao mesmo. Não que esteja em posição de corroborar o relatório Euro Health Consumer Index que coloca o sistema holandês como o melhor a nível europeu, até porque felizmente não experimentei todos os sistemas de saúde na europa, no entanto fiquei bastante satisfeito com os standards apresentados.

Na Holanda o modelo em vigor é recente (2006) onde praticamente todos os intervenientes são privados. Há um seguro de saúde obrigatório por lei, e o montante a pagar está indexado ao nível de cuidado que se pretende, ou seja, por exemplo quem desejar cuidados como fisioterapia ou odontologia terá que pagar um valor adicional. O montante para o seguro básico ronda uns acessíveis 80-100 euros por mês (acessíveis pelo padrão holandês, utilizaria o adjectivo proibitivos se me referisse a Portugal).

Um factor chave para eu ser apologista deste modelo é o facto do seguro não estar indexado a factores como idade, ou outros factores de risco, como doença, etc, como acontece noutros sistemas. Desta forma, há a chamada equalização do risco. Ninguém irá pagar mais por estar doente, ou já ter uma idade avançada.

As responsabilidades do estado são apenas relacionadas com o custear de doenças com acamamento contante, gastos relacionados com deficiências, etc, ou seja doenças que prossuponham incapacidade permanente.

Àqueles que defendem que o sistema terá menos qualidade que o público, devido a critérios economicistas, e de contenção de custos, o governo holandês respondeu com uma eficiente fiscalização e eu acrescento também que os elevados gastos com o seguro de saúde permitem ao utilizador ter um maior poder de negociação exigindo serviços de superior qualidade. Essa consciencialização aliada a mais informação permitem um superior controlo de qualidade.

Para finalizar, outro aspecto muito importante no sistema, é o estado subsidiar de todos aqueles que não tenham rendimentos para poder pagar o seguro de saúde. Desta forma, ao custear apenas os mais pobres e aqueles que realmente não podem pagar, conseguem minimizar a sua intervenção e principalmente os gastos com o sistema. Por exemplo, quantos de nós não podem pagar bem mais do que a taxa moderadora? Então porque é que ela é aplicada sem qualquer critério diferenciador?
À vossa atenção.

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